A letra em português
BASTA DE ESTOPA

Saiote nos chifres / esconde o falópio
comia na guerra / priminha e arroz

Adiós Rubem Sosa / Me voy de Carona
Evite bagulho / "saber leva a luz"

o sangre está / onde está a vodka (irei)
lute, arrota, arrote calor
aqui é a Armênia? / se há, há amor maior
basta de estopa / isso é melhor

os trouxas me amam / eu sou sem sabor e
do leve períneo / uma coisa saiu

a clara e a gema / compõe canelone
meu muck bem forte / me passa o barriu

o sangre está / onde está a vodka (irei)
lute, arrota, arrote calor
aqui é a Armênia? / se há, há amor maior
basta de estopa / isso é melhor

aquele de estepe / ninguém vaporiza
neguinho de longe / tua pátria faliu

e nós somos carne / me salga e registre
cirrose vem antes / adeus mãe gentil

o sangre está / onde está a vodka (irei)
lute, arrota, arrote calor
aqui é a Armênia? / se há, há amor maior
basta de estopa / no meu mo-lo-tov




Ao pé da letra: Basta de estopa
(entenda o que está por trás do hino à ludoqracracia)

A letra trata basicamente de três temas centrais e vitais para a formação de uma identidade nacional forte e coesa:Amor à terra, bebedeira e sexo com primas. O Amor a terra é o mais óbvio de todos, é preciso amar antes de tudo esse solo, mesmo que ele esteja congelado ou cheio de piche. Eu por exemplo tenho que amar o litoral gaúcho, por mais difícil que isto possa parecer. A bebedeira vem em segundo plano, representando a união entre os homens, a solidariedade, a busca por um objetivo. Representa também o abraço fraternal, a bebida que aquece, que une os corações, que nos torna mais tolerantes com o próximo e menos intolerante quanto a ofensas externas. Por ultimo sexo com primas, na verdade antes de tudo sexo com primas. Copular com as primas simboliza a idéia de que todos temos a mesma origem, que somos filhos do mesmo povoado e que em determinado momento da história só nos restou elas para procriar e povoar essa terra.


Estrofe 1:
Saiote nos chifres / esconde o falópio / comia na guerra / priminha e arroz

O hino começa com o terceiro dos grandes temas. Detalhe para a cena descrita. O sujeito escondido por baixo de uma saia fugindo de possíveis inimigos na guerra. Escondido, assim como se esconde o falópio com o saiote.


Estrofe 2:
Adios Rubem Sosa / me voy de carona / Evite bagulho / saber leva a luz

O adeus ao que deve ficar pra trás, a carona significando o refugio numa terra distante, sem ter-se o controle de exatamente para onde ir. Evitar bagulho é evitar a ociosidade e a morosidade, não fugir da realidade pois saber leva a glória. Então é preciso saber para onde essa carona nos leva e esquecer o que passou. A frase que encerra a estrofe é atribuída a Alaor Maltinês (intelectual, pensador e filosofo) responsável em grande parte pela doutrina ludoqrata pregada durante toda a canção.


Estrofe 3:
Os trouxas me amam / eu sou sem sabor / do leve perínio / uma coisa saiu

estrofe que retrata o inicio da formação do sentimento nacional. O nascimento retratado pelo sair do campinho. Uma nova vida, um novo espírito. A negação ao individualismo nos dois primeiros versos combinado com o nascimento trazem pela primeira vez na letra do hino uma idéia mais definida e uma posterior descrição desse até agora não revelado povo.


Estrofe 4:
a clara e a gema / compõem canelone / meu muck bem forte / me passa o barriu

temos uma estrofe que dá saída a muitas interpretações. Os dois primeiros versos parecem inicialmente falar sobre culinária, mas o terceiro faz com que a poesia mude de direção. Temos a clara e a gema, que precisam ser um só para compor algo. Esse algo seria uma iguaria italiana, porem canelone pode ser interpretado como uma gíria para canela grossa. Quem tem canela grossa destaca-se pela força, assim como um muck desenvolvido. Temos agora a exaltação a força do povo, que unido como a clara e a gema pede o barriu. Não basta um copo ou uma garrafa para esse povo, é preciso o barril, a grande magnitude da força e a bebedeira coletiva.


Estrofe 5:
aquele de estepe / ninguém vaporiza / neguinho de longe / tua pátria faliu

Guerra fria. Homens de longe sendo vaporizados, mas aqui nas nossas estepes ninguém é capaz de nos fazer o mal. Por ultimo um tripudio aos que fizeram pouco do povo no seu inicio, aos que não deram tchau ao Rubem Sosa e acabaram falidos.


Estrofe 6:
e nos somos carne / me salga e registre / cirrose vem antes / adeus mãe gentil

O antigamente sem sal agora já se vê como algo saboroso. Capaz de ser temperado e aparentar essa força da carne, registrando sua presença na já crescida pátria. Sem esquecer que muito sacrifício deve ser feito, e que não se pode temer a morte. A cirrose como conseqüência do processo todo deve ser encarada naturalmente e o legado deve continuar. É preciso na hora do sacrifício lembrar a mãe gentil que foi a terra e a vodka que no chão acabamos por derramar.


Refrão:
o sangre está / onde está a vodka (irei) / lute arrota, arrota calor / aqui é a Armênia? / se há, há amor maior / basta de estopa / isso é melhor / no último refrão o ultimo verso é no meu molotov

Bebedeira e luta. Nesse tom anestésico o refrão trás toda a força que a musica tem. O sangue está onde está a vodka, e onde está a vodka eu irei. Ou seja, a pátria já está no meu sangue, e onde ela estiver estarei também. Estarei lá para lutar e arrotar. O arrotar é a forma de propagar o calor nacionalista, fazendo barulho e alertando os que na volta estão. Tanto para traze-los a nos como para ameaça-los.

Aqui seria a Armênia? No meio dessa grande confusão no leste, vagando por republiquetas eu acabo nem sabendo mais. Sei que estou em nome da terra mãe. E se há essa terra, mesmo que não seja aqui, há um amor maior. Esse amor deve ser divulgado, ecoado, com a luta, com os arrotos. Basta de estopa é a frase derradeira. O que a estopa simboliza? Simboliza o estancamento, a válvula trancando. Basta desse trancamento, é preciso que tudo flua, que o sangue, a vodka derramada se espalhe pela terra. Isso é melhor. E no final apoteótico: basta de estopa no meu molotov. Se for preciso lutarei pela terra, vou explodir com tudo.
Textos de Eduardo Menezes. Webdesign tosqueira por Guilherme Caon.